quinta-feira, 1 de maio de 2008

Um meio sem mensagem



O meio é a mensagem significa que as conseqüências sociais e pessoais de qualquer meio – ou seja, de qualquer uma das extensões de nós mesmos – constituem o resultado do novo estalão introduzidos em nossas vidas por uma nova tecnologia ou extensão de nós mesmos.
Com a automação, os novos padrões da associação humana tendem a eliminar empregos. Trata-se de um resultado negativo. Do lado positivo, a automação cria papéis que as pessoas deveriam desempenhar, em seu trabalho ou em suas relações com os outros, com aquele profundo sentido de participação que a tecnologia mecânica que a procedeu havia destruído.
A reestruturação da associação e do trabalho humano foi moldada pela técnica de fragmentação, que constitui a essência da tecnologia da máquina. O oposto é que constituía a essência da tecnologia da automação. Ela é integral e descentralizadora, em profundidade, assim como a máquina era fragmentária, centralizadora e superficial nas relações humanas.
A luz elétrica, por exemplo, é informação pura. É algo como um meio sem mensagem, a menos que seja usada para explicitar algum anúncio verbal ou algum nome. Isso significa que o “conteúdo” de qualquer meio ou veículo é sempre em outro meio ou veículo. O conteúdo da escrita é a fala, assim como a palavra escrita é o conteúdo da imprensa e a palavra impressa é o conteúdo do telégrafo.
Uma pintura obstrata representa uma manifestação direta dos processos do pensamento criativo, tais como poderiam comparecer nos desenhos de um computador. Refere-se aqui, às conseqüências psicológicas e sociais dos desenhos e padrões, na medida em que ampliam ou aceleram os processos já existentes. Pois a “mensagem” de qualquer meio ou tecnologia é a mudança de escala, cadência ou padrão que esse meio ou tecnologia introduz nas coisas humanas.
Pouca diferença faz que a luz elétrica seja usada para uma intervenção cirúrgica no cérebro ou para uma partida noturna de baseball. De certa forma, pode objetar-se que essas atividades constituíram o “conteúdo” da luz elétrica, uma vez que não poderia existir sem ela. Isto serve para destacar o ponto de que “o meio é a mensagem", porque é o meio que configura e controla a proporção e a forma das ações e associações humanas. Na verdade, não deixa de ser bastante típico que o “conteúdo” de qualquer meio nos cegue para a natureza desse mesmo meio.
Não percebemos a luz elétrica como meio de comunicação simplesmente porque ela não possui conteúdo. E o quanto basta para exemplificar como se falha nos estudos dos meios e veículos.
“Os produtos da ciência moderna, em si, não são bons nem maus: é o modo como são empregados que determina o seu valor”, declarou General David Sarnoff. Aqui temos a voz do sonambulismo de nossos dias. É o mesmo que dizer: “O vírus da varíola, em si, não é bom nem mau: o modo como ele é usado que determina seu valor”.
Na afirmação de Sarnoff, quase nada resiste a análise, pois ela ignora a natureza do meio, dos meios em geral e de qualquer meio em particular, bem no estilo narcisístico de alguém que se sente hipnotizado pela amputação e extensão de seu próprio ser numa forma técnica nova. O General Sarnoff continuou a explicação de sua atitude frente a tecnologia da imprensa que veiculava muita droga, mas, em compensação, havia disseminado a Bíblia e os pensamentos dos profetas e filósofos. Nunca ocorreu ao General Sarnoff que qualquer tecnologia pode fazer tudo, menos somar-se ao que já somos.
A mecanização nunca se revelou tão claramente em sua natureza fragmentada ou seqüencial no nascimento do cinema – o momento em que fomos traduzidos, para além do mecanismo, em termos de um mundo de crescimento inter-relação orgânica. O cinema, pela pura aceleração mecânica transportou-nos dos mundos seqüenciais e dos encadeamentos para o mundo das estruturas e das configurações criativas. A mensagem do cinema enquanto o meio é a mensagem da transição da sucessão linear para a configuração. Foi esta transição que deu nascimento à observação, hoje perfeitamente correta: “Se funciona, então é obsoleto”.
Para uma cultura altamente mecanizada e letrada, o cinema surgiu como um mundo de ilusões triunfantes e de sonhos que o dinheiro podia comprar. Foi nesta fase que surgiu o cubismo, que substitui o “ponto de vista”, ou faceta da ilusão perspectivista, por todas as facetas do objeto apresentados simultaneamente contraditórios ou um dramático conflito de estrutura, luzes e texturas, que forçam e transmitem a mensagem por envolvência.
Em outras palavras, o cubismo, exibindo o dentro e o fora, o acima e o abaixo, a frente e as costas e tudo o mais em duas dimensões, desfaz a ilusão da perspectiva em favor da apreensão sensória instantânea ao todo. Ao propiciar a apreensão total instantânea, o cubismo como que de repente, anunciou que o meio é a mensagem. Os seguimentos especializados da atenção deslocaram-se para o campo total, e é por isso que agora podemos dizer que “o meio é a mensagem”, da maneira mais natural possível.
Bruna da Silva Viapiana, estudante de Jornalismo, líder de equipe da turma CJN01S2.
Edição de trechos do texto "O meio é a mensagem", de M. McLuhan, apresentado pela equipe durante debate sobre o assunto em classe.

11 comentários:

Anônimo disse...

Bruna foi muito proveitoso o debate, esclareceu algumas duvidas que eu tinha sobre o meio e a mensagem de Macluhan... Agora vamos ver como vai ser o proximo.

SANDRA SIMONE MILANETTI / TURMA: CJN01S2/2008

Anônimo disse...

A aula sobre o meio e a mensagem foi muito proveitosa, e também gerou um debate bacana onde todos deram seus pontos de vista, além de trabalhar o lado critico, usamos o lado filosofico!
SHOW!!!!!
Carlos Diego

Anônimo disse...

o debate de teoria da comunicacao mboe um trabalho muito importante que podemos adquirir muito conhecimento,foi muito
Raimunda Emiliane Rodrigues
cjn01s2

Anônimo disse...

Esse debate esta sendo ótimo para nós alunos, podemos dar opinioes e tirar duvidas com a professora, isso é bom para o desenvolvimento dos alunos.
Pude entender que o texto queiz passar sobre (O meio é a mensagem) ele destaca a inovacao da tecnologia, como ela mudou a vida e facilitou a vida de muitas pessoas.

Carla Gabriela Tavares /TURMA CJN01S2 / 2008

Anônimo disse...

o debate sobre o meio é amensagem, foi de alguma forma inteessante, o objetivo desse debate está sendo cumprido, envolver a turma num assunto que os possibilite entender a comunicação como instrumento de apredizagem e dar a todos mais conhecimento sobre a área em que vão atuar.

Vanessa Marques CJN01S2/2008

Lino De Paulo disse...

"Quarenta anos depois do aparecimento de Understanding Media, no limiar de uma era que erigiu a inclusão digital como um de seus objetivos, ao mesmo tempo em que se põe na fronteira da barbárie da exclusão absoluta de populações inteiras, pela guerra ou pela pobreza, o legado teórico de McLuhan parece produzir uma sensação de alívio: pelo menos sabemos agora a que ponto chegamos".

Anônimo disse...

O meio é a mensagem porque é o meio que configura e controla a proporção e a forma das ações e associações humanas. O conteúdo ou usos desses meios são tão diversos quão ineficazes na estruturação da forma das associações humanas. Na verdade não deixa de ser bastante típico que o “conteúdo” de qualquer meio nos cegue para a natureza desse mesmo meio.

Adorei falar sobre o assunto!!!!
Bjus pra todos

KUETTELEY COSTA CJN01S2

Anônimo disse...

o tema foi bastante debatido mas, faltou muita coisa a ser debatida dentro desse mesmo assunto so que o tempo era muito curto

Anônimo disse...

Fiquei extremamente frustrado por não ter falado sobre "o meio é a mensagem", pois é um assunto muito fácil de se debater apesar do texto ser muito técnico. Mas acabei bem mais feliz falando sobre o entorpencimento do Narciso pela sua imagem, apesar de não saber que era sua. "O amante de gadgets" - Narciso como Narcose, é fabuloso.

Ricardo Milton disse...

Neste texto "O meio é a mensagem", McLuhan está dizendo(em outras palavras)que o conteúdo(meio)é o aspecto principal,ou seja, o conteúdo é o importante, pois sem o mesmo não há mensagem.
Ricardo Milton
CSJN 01S1

Anônimo disse...

Esse debate esta sendo ótimo para nós, alunos. Podemos dar opiniões e tirar dúvidas com a professora. Isso é bom para o desenvolvimento dos alunos.
Pude entender o que o texto quiz passar ("O meio é a mensagem"). Ele destaca a inovação da tecnologia, como ela mudou a vida e facilitou a vida de muitas pessoas.

Carla Gabriela Tavares /TURMA CJN01S2 / 2008